Quem é cego no Brasil encontra muito mais dificuldades em seu dia a dia do que o cidadão comum. As calçadas, ruas, ônibus não foram pensados para esse público. Para realizarem suas tarefas precisam se aventurar nos espaços públicos com a ajuda de outras pessoas, bengalas, marcações no chão ou até: com cães. Sim, mais do que um amigo, um cão guia pode se tornar os olhos da pessoa cega.
Muitas pessoas se espantam quando veem uma pessoa cega com o cão guia na rua. Querem dar carinho, interagir, ver como funciona, mas é preciso lembrar-se sempre: quando está na rua, o cachorro está trabalhando. Não podemos atrapalhar o seu serviço, a pessoa que está sendo guiada depende dele.
Seu trabalho é muito penoso e por isso tem uma expectativa de vida menor que outros cães. Quando começam a perder suas capacidades de prestar serviços completos para o dono, é preciso ser aposentado e substituído. A relação entre guia e guiado é algo que muitos desconhecem. Por em média 10 anos, essas pessoas tem um acompanhante 24 horas por dia e 365 dias ao ano com elas, um vínculo indescritível e muito admirável.
Poucos sabem mas é essencial que esse ajudante antes de ser guia, seja cão. Ele precisa saber brincar e socializar com outros cães e pessoas. Há iniciativas como o Programa Cão-Guia Família Voluntária, do Instituto Magnus Cão-Guia, que financiam a estadia de cachorros em seu primeiro ano de vida em famílias, que se disponibilizam a ensinar ao cão a se socializar e interagir com pessoas.

Vale ressaltar que uma pessoa cega andando com cão guia não deve ser vista como atração. Muitos relatam que sentem sentem 1001 holofotes em cima deles e isso pode incomodar. Pessoas cegas tem suas complicações mas, hoje em dia, quem não tem?
Excelente artigo.
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