Autoridades sanitárias têm alertado sobre o comportamento dos pacientes de doenças crônicas, com câncer, cardiopatias, acidente vascular cerebral (AVC), sintomas de infarto, imunodeprimidos de interromperem seus tratamentos ou simplesmente deixarem de procurar os serviços de saúde pelo receio de contágio pela Covid-19.
Esta doença é uma zoonose cujo agente etiológico é o vírus denominado SARS-CoV-2. Seu tratamento, em 15% dos casos, é feito com internação hospitalar e nos casos de maior gravidade (5%), com internação em unidades de terapia intensiva. Sua taxa de letalidade – número de casos que vão a óbito dentre o total de contaminados – é considerada relativamente baixa. O que então a torna tão preocupante para os sanitaristas, gestores e equipes da área de saúde?
A resposta não é simples, mas começaríamos por lembrar que é uma doença muito recente, para a qual ainda não se chegou a um tratamento eficaz totalmente comprovado e que, essencialmente, para os pacientes em estado grave é recomendado assegurar que o oxigênio chegue aos pulmões, enquanto o sistema imunológico combate o vírus. E isso tem demandado períodos razoavelmente prolongados de internação hospitalar, com o auxílio de equipamentos sofisticados.
Ou seja, o seu tratamento tem grande potencial de sobrecarregar a capacidade hospitalar instalada, a ponto de, como se viu em outros países, levar à ocupação de salas e andares inteiros dos hospitais. Percebe-se imediatamente que a utilização de tais espaços, equipamentos e pessoal profissional envolvido concorre com as necessidades de outras tantas morbidades que também exigem internação em alguns de seus estágios de desenvolvimento.
A preocupação das autoridades sanitárias é no sentido de que as necessidades de tratamento dessas outras morbidades, mencionadas no primeiro parágrafo, não podem ser negligenciadas, nem pelas equipes de saúde, nem pelos gestores, nem pelos pacientes.
Concretamente, lembremos que pacientes em tratamento de câncer, em qualquer estágio, precisam de atendimento médico; que pessoas com problemas renais crônicos precisam fazer hemodiálise, na maioria dos casos, três vezes por semana; ou seja, esses procedimentos devem ser realizados em unidades de saúde, para onde o paciente, não raras vezes, vai acompanhado de pessoas que se enquadram nos grupos de maior risco frente à covid-19: idosos ou portadores de comorbidades.
Assim, se tiver que fazer uma consulta é bastante razoável que verifique se a instituição tem atendimento fisicamente protegido do contato com pacientes portadores das doenças contagiosas, que os profissionais de saúde não circulem entre esses dois espaços, que os equipamentos de exames complementares não sejam os mesmos, que tenha uma triagem de sintomas na entrada, que se utilize máscara e que se higienizem as mãos.
A recomendação fundamental seria a de requerer atendimento e tratamento com controle e mitigação de riscos. Há como fazer isso.